Mas o que fazemos de errado para formar estas criaturas horríveis bem na nossa frente e acabar com momentos de nossa pescaria?
Para entender como ela se forma, vamos primeiro entender um pouco do funcionamento das carretilhas.
A carretilha é um equipamento de pesca que tem o seu carretel móvel, ou seja, ele gira enquanto a linha é liberada, diferente do molinete, que tem o carretel fixo e a linha é liberada pela sua frente.
Enquanto a linha estiver sendo levada pelo peso utilizado para o arremesso, isca artificial, normalmente, o carretel estará girando livremente.
A cabeleira ocorre no momento em que o carretel estiver girando com uma velocidade maior do que a linha está sendo levada, e principalmente quando a linha parar de sair da vara e o carretel ainda continuar girando. Esse processo faz com que a linha enrolada no carretel se desenrole por cima dele mesmo, formando uma sobreposição de linha que dificilmente poderá ser retirada depois.
Sabemos então que para evitar a famosa cabeleira precisamos evitar que o carretel gire mais rápido do que a velocidade de saída da linha, ou, por outro lado, evitar que a velocidade de saída da linha diminua abruptamente durante seu trajeto até o local aonde arremessou, mantendo sempre compatíveis a velocidade de giro do carretel com a quantidade de linha que efetivamente está saindo da vara.
Antes de falar dos fatores mais conhecidos que provocam cabeleiras, vamos mostrar mecanicamente alguns cuidados que devem ser tomados, principalmente pelos principiantes.
As carretilhas modernas são dotadas de sistemas de freio anti cabeleira e de freio mecânico ou de arranque.
É necessário que estes dois sistemas estejam regulados de acordo com as condições do vento, do peso da isca, da ação da vara e da habilidade do pescador.
O freio mecânico é encontrado ao lado da manivela das carretilhas. Trata-se de um botão giratório. Para travar este freio gire o botão apertando-o como um parafuso, para destravar gire ao contrário. A regulagem ideal é aquela em que, liberado o carretel a isca desça devagar até o chão e quando atingir este o carretel pare de girar. Ou seja, para cada peso diferente de isca uma nova regulagem é exigida.
O fato deste freio ser de fácil acesso nas carretilhas, facilita muito estas mudanças constantes de regulagem.
Usando este freio corretamente você evitará, por exemplo, aquelas situações aonde iscas muito pesadas provocariam um arranque extremamente forte no carretel, fazendo-o girar numa velocidade muito maior do que a da saída da linha.
O freio anti cabeleira pode ser encontrado principalmente em duas versões, o centrifugo e o magnético. Não é nosso intuito nesta matéria discutir qual dos dois seria melhor ou quais suas vantagens e desvantagens e ainda não queremos falar de outros sistemas mais modernos até mesmo por falta de conhecimento.
A regulagem do freio centrifugo se encontra abrindo-se a lateral contrária a da manivela na maioria dos modelos de carretilha. Lá dentro você terá acesso a lateral do carretel e encontrará o eixo rodeado de buchas plásticas.
O número de buchas pode variar dependendo do modelo da carretilha, a partir de 2, sendo que o modelo da foto apresenta 6 buchas. Essas buchas funcionam como sapatas de freio, atuando na lateral do carretel. Esta atuação se deve ao fato de que estas buchas são soltas em seus pequenos eixos, e quando o carretel gira, a força centrifuga as empurra para fora, fazendo com que raspem na lateral do carretel, diminuindo sua velocidade.
Quanto mais rápido o carretel girar, mais força de freio as buchas farão em sua borda. Porém estas buchas podem ser travadas no eixo central, deixando assim de atuar no carretel quando do seu giro.
A regulagem nada mais é do que colocar apenas uma quantidade de buchas atuando no carretel. Assim, no principio, é aconselhável que se use todas as buchas atuando e com o tempo, conforme for pegando prática e confiança ir travando algumas. É importante que a quantidade e posição das buchas travadas seja simétrica, pois elas devem atuar de forma uniforme no carretel. Assim regulagens como uma sim uma não, uma sim duas não e outras simétricas são recomendadas.
A regulagem do freio magnético se encontra na lateral oposta a da manivela na sua parte externa. Trata-se de um botão achatado, com uma escala que normalmente vai de 1 a 10 pontos.
O botão de regulagem afasta ou aproxima estes magnetos, fazendo com que sua atuação de freio seja maior ou menor. Quanto menor o número na escala, mais longe estarão os magnetos e menos estarão agindo como freios.
Mais uma vez recomendamos aos principiantes iniciar o uso com a regulagem nos 10 pontos, ou seja, o maior grau de atuação do freio. Com o tempo e com prática vá diminuindo este freio até se sentir seguro.
Naturalmente estes freios quando acionados diminuem a capacidade de arremessos mais longos. Mas é melhor arremessar menos longe do que lidar com cabeleiras inacabáveis até que se tenha prática.
Durante uma pescaria, alterações bruscas de situações tal como início de vento forte, mudança brusca de peso de isca utilizada e outras podem sugerir uma alteração na regulagem do freio anti cabeleira.
Regulagens feitas, vamos falar nos fatores que provocam a cabeleira.
Vários são os fatores que podem fazer a linha diminuir sua velocidade. Os mais notáveis são:
– Vento contrário, que pega a isca no meio do caminho e diminui sua velocidade, mas não o giro do carretel.
Formas de evitar – Aumente a atuação do freio mecânico e do anti cabeleira. Procure arremessar de forma mais paralela á água evitando assim uma ação maior do vento.
– Arremessos realizados em ângulo muito aberto, pois quando a isca sobe ela perde velocidade na subida rapidamente.
Formas de evitar – Procure corrigir o ângulo de arremesso evitando assim que a velocidade da isca diminua tanto. Sabe-se fisicamente que o ângulo que mais trás eficiência em distância é o de 45 graus. Treinando você achará esta relação com certa facilidade.
– Obstáculos, que podem parar a isca totalmente, mas o carretel continua girando. Tocos, árvores e até mesmo a batida da isca na água.
Formas de evitar – Trave imediatamente o carretel com o dedo quando a isca atingir algum obstáculo, ou quando esta chegar ao seu destino.
– Atrito excessivo nos passadores da vara.
Formas de evitar – Utilize linhas de bitolas mais finas ou uma vara de melhor qualidade.
Além desses fatores, existem outros menos notáveis e talvez aí é que esteja o pulo do gato. Dois dos mais importantes são a relação de força no arremesso e o peso das iscas utilizadas.
Os dois fatores atuam num conceito chamado arranque.
Num arremesso é necessário que a diferença entre a velocidade de saída inicial da linha (arranque) e sua velocidade final, tenha uma diminuição lenta e gradual para que tudo aconteça de forma perfeita. Se na saída dermos uma força de arranque muito grande e se a condição de condução da isca no ar for desfavorável, a velocidade da isca diminuirá rapidamente e o carretel continuará girando de forma mais rápida provocando a cabeleira.
Isso ocorre, por exemplo, quando usamos iscas leves e muita força no arremesso. Seu peso desfavorece uma condução da linha em grande velocidade, mesmo sem vento algum. Assim, não podemos imprimir força de arranque demasiada, pois ela iria iniciar um giro no carretel muito mais rápido do que a isca irá ser levada. Assim, com iscas mais leves, devemos imprimir uma força de arranque menor, sendo o ideal encontrarmos a relação perfeita entre a velocidade de saída e a de chegada da isca, com a diminuição lenta e gradual que citamos anteriormente.
Mesmo para iscas pesadas, existe um limite de velocidade de arranque. Naturalmente quanto mais pesada a isca, mais arranque inicial ela irá provocar no carretel, mas seu peso, por outro lado, ajudará na condução da linha. Mesmo assim a dose de força de arranque é necessária, pois a condução boa da linha não é infinita.
Parece uma equação difícil e complicada, mas existe uma solução bem fácil que ajuda bastante a chegar neste ponto ideal de força.
Esta solução, apesar de simples. é muito difícil de se explicar na escrita, mas mesmo assim vamos tentar.
O ideal é que se use sempre varas compatíveis com o peso das iscas a serem arremessadas (casting). Desta forma deixaremos que o corpo destas varas façam o trabalho de arremesso para nós, não sendo necessário colocar força a mais.
Quando arremessamos uma isca, o movimento da vara deve ser contínuo, ou seja, o movimento para trás e depois para a frente não deve ter intervalos e deve ser como se tudo fosse um único movimento. A força deve ser empregada apenas no momento em que estamos levando a vara para trás. Se estivermos usando uma vara compatível com o peso da isca, no momento em que alterar o movimento para a frente, esta irá vergar continuando sua trajetória para trás e depois imediatamente voltará espontaneamente para a frente. Assim, quando do nosso movimento do braço para a frente, devemos apenas acompanhar a vara, não imprimindo mais força, pois o seu trabalho espontâneo será suficiente para arremessar a isca a grande distância.
Naturalmente tudo isso funciona perfeitamente apenas e tão somente se usarmos varas compatíveis com o peso da isca. Uma vara pesada não irá vergar com uma isca leve e uma vara leve não ira voltar de forma perfeita com uma isca mais pesada, podendo até quebrar.
Este trabalho da vara se aproxima muito da relação perfeita entre arranque e a velocidade final da isca. Assim, no início, nunca imprima força no movimento para a frente de seu arremesso, deixando a vara trabalhar para você. Com o tempo, você perceberá que poderá até colocar alguma força no movimento para a frente, porém esta força será sempre para vergar mais a vara aumentando seu trabalho e não para efetivamente você arremessar a isca.
Finalmente e como última dica muito importante, sempre que for fazer seus arremessos mantenha o dedo raspando de leve na linha do carretel. Isso fará com que você possa sentir imediatamente qualquer leve afofada que a linha comece a criar no carretel, podendo rapidamente imprimir mais pressão com o dedo, diminuindo a velocidade do carretel evitando que a situação se agrave ou até mesmo que a cabeleira se forme. Isso é o que alguns amigos chamam de freio digital (com o dedo).
Desconheço o autor
Caro amigo sempre uso molinetes para pesca porem, resolvi mudar e acabo de comprar uma carretilha Shimano calcutta 400B bem tenho várias duvidas ela é uma carretilha redonda Primeiro posso usar linha monofilamentada ou tenho que usar 0.45 pois vou pescar Pirara. Segundo ela possui um botão cinza contralateral ( é o freio magnetico?) ao freio mecanico que é redondo. Se coloco na posição ela faz um barulho como se fosse um molinete. Devo colocar nesta posição para o arremesso ou não. Para colocar a linha na carretilha deixo como faze-lo de maneira que a linha seja colocada por igual (aciono o freio magnetico em que posição?)
Obrigado
Jose Carlos
Post bem completo e perfeito para iniciantes. Ótimas dicas!!!
Valeu
Primeiro passo aprender a calcular o peso é ideal, força aplicada no arremesso, e freios tem que saber regular bem a carretilha mesmo sendo amador, depois disso a carretilha ja ficará amaciada sem precisar esta cortando a linha e trocando multifilamento que não é barato, sem contar a perca de tempo desembolando linha pois se o cara não sabe regular a carretilha, imagina tirar o carretel da mesma para que faça manutenção. Eu aprendi dando cabeçada mesmo e o interesse em aprender foi meu afinal nunca seremos experts em tudo!!!! Aos meus Fãns fominhas!!! 🙂