Pesquisa mostra rotas migratórias do atum no Atlântico


Os segredos das rotas migratórias do atum-azul foram descobertos por um dos estudos mais completos a respeito do peixe gigante, afirmam cientistas.
Pesquisadores acreditam que duas populações separadas do peixe, também chamado de albacora, dividem o mesmo local de alimentação no Oceano Atlântico, antes de partirem para lados opostos do oceano para se reproduzirem.
Para ajudar a revelar seus padrões migratórios, uma equipe internacional conseguiu colocar dispositivos de rastreamento em quase mil peixes.

As descobertas fazem parte de um Censo da Vida Marinha que foi feito durante dez anos.A equipe também estudou registros históricos que mostram como os números do atum, que já foi abundante no Atlântico Norte, caíram depois da ascensão da indústria pesqueira mundial.
Os dispositivos colocados (nos peixes) mostraram que todos os peixes marcados vão para a mesma área do Atlântico Norte para se alimentarem“, explicou Andre Boustany, do Centro de Pesquisa e Conservação de Atum da Universidade de Stanford, Califórnia (EUA).
Estas áreas de procura de alimento incluem águas nas costas orientais do Canadá e dos Estados Unidos, e também pouco afastadas da costa da Espanha, Portugal e Irlanda.
Quando é chegado o momento para estes peixes voltarem para seus territórios de desova, eles se separam“, acrescentou Boustany.
Segundo Boustany as informações também mostraram que o atum do norte (Thunnus thynnus) não apenas retorna para um local de desova específico ano após ano, mas também escolhe o local no qual eles nascem.
O cientista afirma que este comportamento sugere que o peixe é geneticamente forçado a fazer isso.
Tem que haver algum tipo de componente genético, pois o peixe pode estar no Atlântico ocidental por três ou quatro anos, em áreas de alimentação, mas quando é tempo de desova, eles fazem uma fila pelo Estreito de Gibraltar para suas áreas de desova no Mediterrâneo“, disse Boustany.
Exames em laboratórios mostraram que existiam “diferenças genéticas significativas” entre as duas populações, disse Boustany.
Por muito tempo foram criadas hipóteses a respeito, mas era muito difícil confirmar de forma conclusiva sem realizar estudos genéticos ou a colocação de dispositivos“, acrescentou.
O projeto, chamado em inglês de Tag-A-Giant (TAG, na sigla em inglês, “Etiquete um Gigante”, em tradução livre), usou quase mil dispositivos.
Os dispositivos tinham dois tipos – externos, colocados nas costas do peixe, e internos, que, para sua colocação, requeriam um pequeno procedimento cirúrgico, durante o qual os peixes eram mantidos hidratados com uma mangueira.
Os dispositivos internos eram recuperados por pescadores, quando eles pegavam os peixes. Os externos foram programados para se soltarem depois de um tempo e serem localizados por satélite.
Os dois dispositivos rastreavam os movimentos dos peixes e também gravavam a profundidade e temperatura da água.
Outra parte do estudo para o Censo da Vida Marinha, que durou uma década e envolveu cientistas de mais de 80 países, foi um acompanhamento histórico detalhado do peixe na primeira metade do século 20.
O estudo mostrou que a espécie, que já foi abundante, desapareceu das águas do norte da Europa, depois de uma explosão da pesca comercial.
Ron O”Dor, um dos cientistas do Censo da Vida Marinha, afirmou que a combinação das duas pesquisas mostrou um panorama único do Estado das populações de atum.
Este é um momento interessante para nós, pois estamos vendo um padrão da história, e também estamos começando a vivenciar padrões semelhantes agora“, disse.
Ele acrescentou que os oceanos poderão voltar às condições do passado, antes da introdução da pesca industrial, se o gerenciamento eficaz e a aplicação de leis forem popularizados.
Estudos como este, dentro do Censo da Vida Marinha, mostram que podemos saber muito sobre o que está acontecendo nos oceanos. A ignorância não é mais uma desculpa“, disse. (Estadão Online)

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