Rio Potengi – Guarapes mostra sua revolta


Mais de trezentas pessoas lotaram o ginásio da Escola Municipal Almerinda Bezerra Furtado, no Guarapes, durante a audiência pública realizada ontem pelo Ministério Público sobre o crime ambiental no Rio Potengi. ‘‘Como o desastre trouxe problemas econômicos, queremos conversar com os pescadores e explicar o resultado da análise apresentada pelo Idema’’, disse o promotor Antônio Siqueira, presidente do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa do Meio Ambiente (Caops).
O objetivo era colocar a população a par do problema, mostrando que não se deve pescar enquanto a questão não for resolvida e que é preciso buscar alternativas viáveis para contornar a situação. Uma extensa mesa, composta por representantes de várias instituições, chamou a atenção de quem acompanhou a audiência pública. Presidida pela promotora de Defesa do Meio Ambiente, Gilka da Mata, a reunião teve momentos de protesto. A presença do sub-coordenador de licenciamento do Idema, Luiz Augusto Santiago Neto, não foi recebida com satisfação pela comunidade.


Perguntado sobre a ausência do presidente do órgão, Eugênio Cunha, quando sua presença estava confirmada, o sub-coordenador informou que, naquele momento, ele estava concedendo uma entrevista coletiva à imprensa. Por essa razão enviou um representante. Luiz Augusto comentou sobre o desastre e falou que o resultado do laudo, vindo do Ceará, será divulgado na próxima quinta-feira. O que não mudou a posição da comunidade.
Munidos de cartazes com fotos do Potengi e faixas com a frase ‘‘O rio está de luto’’, pescadores, representantes de associações de classe e moradores do Guarapes, Macaíba e São Gonçalo do Amarante pediam explicações e providências para resolver o caso. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores de Macaíba, José da Cunha Bezerra, os efeitos da mortandade de peixes no Rio Potengi serão sentidos por, pelo menos, seis meses. ‘‘Não estamos aqui para ouvir discursos políticos, não estamos aqui para brincadeira. Queremos uma resposta dos órgãos competentes’’, disse.
José da Cunha alegou que a ajuda prestada com a doação de cestas básicas não é suficiente. Muitos pescadores estão passando por necessidades e só têm mamão para se alimentar. Alguns chegam a pedir restos de frutas, legumes e verduras na feira. A expectativa deles é que o Governo do Estado coopere enquanto durar o recesso da pesca no Rio Potengi, que será, no mínimo, de um mês.
Para o pescador Luiz Dalvino da Silva, a audiência pública mostra que alguém está lutando pelos direitos das pessoas atingidas. ‘‘Eu tô achando que o movimento da justiça é bom, porque vai ajudar a gente’’, declarou. Morador de Felipe Camarão, ele se diz um dos mais prejudicados pelo problema, pois tirava do Rio Potengi o peixe que complementava a renda mensal da família, que é de um salário mínimo. Engajado no movimento, Luiz Dalvino percorreu o ginásio para colher assinaturas dos pescadores e enviá-las ao governo, uma forma de tentar agilizar a liberação do seguro-desemprego prometido desde o incidente.
KARINE BRITO
DA EQUIPE DO DIÁRIO DE NATAL

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