Cultivo de Lutjanus : Um avanço na piscicultura marinha brasileira
Eduardo Gomes Sanches, esanches@pesca.sp.gov.br, pesquisador científico do Instituto de Pesca, agosto 2007
Conhecido popularmente em algumas regiões do Brasil como vermelho, cioba, caranha ou, erroneamente, até por “pargo”, o gênero Lutjanus é formado por doze espécies, sendo que nove delas ocorrem na costa brasileira: Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758), Lutjanus buccanella (Cuvier, 1828), Lutjanus cyanopterus (Cuvier, 1828), Lutjanus griseus (Linnaeus, 1758), Lutjanus apodus (Walbaum, 1792), Lutjanus jocu (Bloch e Schneider, 1801), Lutjanus analis (Cuvier, 1828), Lutjanus vivanus (Cuvier, 1828) e Lutjanus purpureus (Poey, 1875).
Considerados em seu conjunto como importante recurso pesqueiro, esses peixes apresentam na Natureza um crescimento lento e longevidade de média a alta (20 a 30 anos), características que os tornam vulneráveis à sobrepesca (quando se retiram mais exemplares do que a capacidade de reposição natural). Isso traz a necessidade de se buscarem opções econômicas ambientalmente sustentáveis que possam reduzir a pressão pesqueira sobre os estoques de Lutjanus, sem deixar de oferecer alternativas para as comunidades litorâneas que capturam/consomem esses peixes.
Estudos têm mostrado que os peixes do gênero Lutjanus podem ser considerados como potenciais espécies para a aqüicultura, em razão do rápido crescimento em condições de cativeiro, do bom desempenho produtivo, da elevada demanda e do alto preço alcançado no mercado. Alguns pesquisadores acreditam que é entre os peixes desse gênero que se encontrará a primeira espécie de peixe marinho de cultivo massivo viável em tanque-rede no Brasil.
Por estarem normalmente associadas a outros peixes recifais, como badejos e garoupas (objeto de estudo do Projeto Serranídeos do Instituto de Pesca, sob minha coordenação), espécies de Lutjanus foram incluídas no referido Projeto, com resultados animadores. Dados preliminares têm mostrado que são peixes muito resistentes ao manejo (transporte e biometria – pela qual se obtêm os dados numéricos de crescimento), suportam elevada densidade de estocagem (mais de 100 peixes/metro cúbico) e ganham peso rapidamente, além de aceitarem ração com facilidade. Uma interessante surpresa foi observar, no manejo do plantel experimental mantido em tanques-rede, que diversos exemplares de Lutjanus synagris maturaram sexualmente ao atingir peso ao redor de 250 gramas.
A meu ver, estas constatações experimentais permitem criar uma expectativa promissora para o cultivo marinho de peixes do gênero Lutjanus, com a conseqüente geração de empregos e renda. Cultivar esses peixes elevará a produtividade de áreas costeiras, estimulando a cadeia produtiva do pescado e diminuindo a pressão extrativista sobre os recursos ora explorados. O cultivo de Lutjanus contribuirá como um instrumento de preservação dos estoques desse importante grupo de peixes recifais.
Sou assinante da revista pesca & Cia. Ao ler o artigo Avanço na psicultura brasileira, fiquei sem saber ao cedrto quais as espécies abrangidas no genero Lutjanus. Na internet visualizei este enderêço que estou utilizando pois não vi referencia à sua autoria e está lá básicamento os dados de seu artigo acima. Creio que faltou a menção da fonte na revista. Obrigado. Jandir Rigo