Grupo de trabalho quer estimular boas práticas de manejo com iscas vivas
Formar um grupo de trabalho sobre iscas vivas para iniciar o processo de normatização da lei que regulamenta a atividade e iniciar o processo de certificação. Esse foi o principal objetivo da 1ª Reunião Técnica de Manejo Adaptativo: subsídios para Normatização da Lei de Iscas Vivas e para o Processo de Certificação”, realizada nesta quinta-feira, dia 29 de maio, na Embrapa Pantanal.
Segundo Jean Fernandes, jornalista e técnico da Ecoa – Ecologia e Ação, a reunião foi o primeiro passo rumo à certificação das iscas vivas. “Mas antes temos que incentivar a adoção de boas práticas de manejo, como o manejo adaptativo, e iniciar outras pesquisas para no futuro atingir a certificação. Ainda não há previsão de quando isso poderá acontecer“, afirmou.
A Ecoa deve coordenar o grupo de trabalho, que tem também a participação da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Ibama, UFMS, Seap e Imasul.
Jean afirma que é preciso agregar valor às iscas, eliminar os atravessadores das comunidades e formalizar a categoria dos isqueiros, assim como os pescadores de comunidades tradicionais, que já se organizaram. “É preciso investir no empoderamento dos isqueiros, colocá-los no circuito para que tenham voz nas políticas públicas.”
Atualmente a lei nº 2.898, de 29 de outubro de 2004, regulamenta a captura, transporte, estocagem, comercialização e cultivo de iscas vivas no Mato Grosso do Sul. Segundo Jean, a lei é bastante avançada em relação à anterior, de 1998, mas ainda assim, pode ser melhorada.
Paralelamente, a Ecoa já desenvolve um trabalho de conscientização para mostrar que os isqueiros não agridem o meio ambiente.
MANEJO ADAPTATIVO
O pesquisador Agostinho Catella, da Embrapa Pantanal, falou sobre manejo adaptativo, um conceito relacionado ao aprendizado por meio da prática, ainda pouco conhecido por profissionais brasileiros da área ambiental.
Segundo ele, parte-se do princípio que não se tem toda a informação para o manejo. No momento de gerenciar recursos naturais, há um aprendizado e geram-se novas informações a partir do monitoramento das respostas sociais, econômicas e biológicas.
Esse conhecimento adquirido é reinvestido no processo em novas tomadas de decisões. “É uma forma de manejo que está sempre se renovando em função do aporte de novos conhecimentos e da dinâmica dos sistemas naturais e suas interações com o homem”, explicou.
Agostinho falou também sobre o manejo compartilhado (co-manejo), que corresponde a uma vertente da gestão na qual todos os atores relacionados aos recursos são envolvidos diretamente no processo e nas tomadas de decisão. Não há imposições. “Isso garante mais transparência, ganho de credibilidade e um amadurecimento da sociedade e dos atores, tornando-se co-responsáveis pela gestão dos recursos. É a tendência moderna e atual. Uma lei, por exemplo, não deve ser imposta. Ela pode ser concebida a partir deste conceito“, afirmou.
Também participaram da reunião os pesquisadores Emiko Resende, Flávio Lima Nascimento, André Moraes e Débora Marques, todos da Embrapa Pantanal, além de representantes de todos os órgãos envolvidos com o grupo.
Fonte = por e-mail
Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)
(67) 3233-2430 ramal 235