Pesca em apnéia exige preparo físico para mergulhos sem equipamentos de oxigênio

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Um ótimo preparo físico, atenção mais do que redobrada e respeito ao meio ambiente. Estes são os ingredientes da pesca subaquática em apnéia. A aventura de mergulhar em profundidades de até 30 metros, sem o uso de qualquer cilindro de oxigênio, e emergir com o peixe fisgado com um tiro único e certeiro de arpão requer técnica, disciplina e ainda a autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Também conhecida como caça submarina, somente neste ano a prática esportiva já fez nove vítimas fatais em águas brasileiras.


Em Sorocaba, o dentista Marcus Guilherme Ferreira Santos, 31 anos, conta um pouco da experiência acumulada em 15 anos de mergulho, em expedições que cruzaram o litoral do Brasil de norte a sul. Agora ele se prepara para conhecer, este mês, a ilha Margarita, na Venezuela.
Em janeiro, Marcus esteve entre os 10 brasileiros autorizados pela Marinha para explorar a Ilha de Trindade, localizada no meio do Atlântico, a quase 1.200 quilômetros do Espírito Santo. “Uma experiência única na vida de um pescador”, resume (leia mais nesta página)
O esportista joga por água abaixo os argumentos de que a pesca subaquática é uma atividade predadora. “Ao contrário, é seletiva, unitária, sazonal e ecologicamente correta, pois além da autorização legal, com carteirinha, o praticante escolhe o peixe, levando em conta a idade e a espécie, o que não ocorre na pesca convencional, em que não se sabe o que vem na rede ou no anzol.
A admiração pelo esporte começou na adolescência, quando ainda morava em Barretos (SP) onde nasceu. “Sempre gostei de água; uma vez, no litoral paulista, vi um pescador mergulhar em apnéia, achei emocionante e como já tinha prática em mergulho, foi só começar.”
Ao menos uma vez por mês Marcus parte para escolher, submerso, o seu alimento predileto. Apesar da aventura, as condições de segurança são fielmente seguidas. Os grupos se reúnem para marcar expedições com a ajuda da internet. “Nunca vamos sozinhos, essa é a regra número um.” A segunda é se cuidar, atendendo aos apelos de quem fica, como a mulher Flávia e o filho Guilherme. “Nunca tive problemas, é tudo tranqüilo”. O resto, é com os pulmões.
Expedição passa 15 dias em Trindade
Explorar a diversidade das espécies na Ilha de Trindade é aventura para poucos. Em janeiro, Marcus Guilherme Santos esteve entre os 10 mergulhadores autorizados para uma expedição de 15 dias. A cerca de 1.200 quilômetros do continente, a ilha é guardada e administrada pela Marinha brasileira. Ali, o Atlântico abriga uma incontável variedade de peixes, fazendo a travessia entre a África e o Brasil.
“Alugamos um barco no Espírito Santo e partimos para realizar o sonho de qualquer caçador submarino”, conta. A expedição reuniu mergulhadores de Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo. De Sorocaba partiram Marcus e o médico Marcelo Miranda, que atualmente mora na Venezuela.
Na volta, eles puderam trazer quase uma tonelada de peixes, entre tubarões, barracudas e garoupas, caçados um a um. “Foi a única vez em que a venda do peixe ajudou nas despesas da viagem, mas isso é uma exceção em pesca subaquática”, explica.
Outra ilha explorada com freqüência pelas equipes é a de Queimada Grande, a 40 quilômetros do litoral de Itanhaém em São Paulo. “São três horas de barco para se chegar até lá, mas vale a pena, é uma linda ilha. Na minha opinião, é a Fernando de Noronha de São Paulo.”
Treinamento é constante
Para enfrentar o desafio de pegar o peixe, garantindo-se com o ar dos pulmões, Marcus treina todos os dias.
Além das técnicas de mergulho, preparo aeróbico é indispensável. “Corro três vezes por semana e nos outros dias jogo futebol.” Natação, ele deixa para as viagens.
Sob as águas, em média, o pescador tem entre um minuto e um minuto e meio para investigar as tocas, localizar o peixe, fazer a mira e disparar a arma. “O tempo é curto, às vezes para pegar um ou dois peixes fazemos mais de 100 mergulhos.”
Sobre o investimento no esporte, Marcus diz que dá para começar com pouco. “No máximo, R$ 200, mas as viagens geram gastos.” À medida em que vai tomando gosto, o nadador começa a se equipar. “Hoje tenho seis armas e roupas de mergulho para diversos tipos de água, inclusive para o frio.”
Fonte = Marisa Batalim – Bom Dia Sorocaba

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